Lá anda a minha Dor às cambalhotas
No salão de vermelho atapetado -
Meu cetim de ternura engordurado,
Rendas da minha ânsia todas rotas...
O Erro sempre a rir-me em destranbelho -
Falso mistério, mas que não se abrange...
De antigo armário que agoirento range,
Minha alma actual o esverdinhado espelho...
Chora em mim um palhaço às piruetas;
O meu castelo em Espanha, ei-lo vendido -
E, entretanto, foram de violetas,
Deram-me beijos sem os ter pedido...
Mas como sempre, ao fim - bandeiras pretas,
Tômbolas falsas, carrossel partido...
Mário de Sá-Carneiro
Mário de Sá-Carneiro
em Mário de Sá-Carneiro Poesias
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